Biofábrica de mosquitos em Brasília: como a Wolbachia está mudando a luta contra a dengue

Entenda como a biofábrica de mosquitos em Brasília produz milhões de Aedes aegypti 'imunes' aos vírus e o que isso ajuda na saúde pública

Por Redação • Atualizado em 10/09/2025

Brasília inaugurou uma biofábrica de mosquitos que produz Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia — uma estratégia que transforma o próprio mosquito em barreira biológica contra dengue, zika e chikungunya. A iniciativa tem capacidade para 6 milhões de mosquitos adultos por semana e deve proteger mais de 750 mil pessoas na região.

O que é a Wolbachia — uma solução que vem do micróbio

Wolbachia é uma bactéria natural que vive em muitos insetos, mas não era originalmente encontrada nos Aedes aegypti. Quando introduzida nesses mosquitos, essa bactéria torna o ambiente dentro do inseto hostil à replicação de certos vírus — como dengue, zika e chikungunya — reduzindo drasticamente a capacidade do mosquito de transmitir essas doenças aos humanos.

Em linguagem simples: ao invés de matar o mosquito, a estratégia modifica sua habilidade de carregar e transmitir o vírus. Os mosquitos liberados pela biofábrica — apelidados de “Wolbito” pela Secretaria de Saúde do DF — cruzam com a população local e, com o tempo, a bactéria se espalha nessa população, reduzindo a circulação viral.

Como funciona uma biofábrica de mosquitos?

biofabrica de mosquitos

Uma biofábrica reúne infraestrutura, pessoal treinado e protocolos para criar, infectar e liberar os mosquitos em escala. O processo resumido envolve:

  1. Criação controlada de Aedes aegypti: linhas de mosquitos são mantidas em ambiente seguro e controlado.
  2. Inoculação com Wolbachia: técnicas laboratoriais garantem que as larvas ou adultos carreguem a bactéria.
  3. Qualidade e testes: amostras são avaliadas para confirmar que os mosquitos têm Wolbachia e não carregam patógenos humanos.
  4. Embalagem e distribuição: os mosquitos são colocados em potinhos (no caso de Brasília, ~20 mil potinhos por semana) e transportados para pontos de soltura.
  5. Liberação e monitoramento: equipes liberam os mosquitos em áreas estratégicas e acompanham a mudança na população local e os impactos na incidência de doenças.

Em Brasília, a unidade no Núcleo de Controle Químico e Biológico (NCQB) opera com 26 viaturas e 52 servidores por dia — uma logística robusta pensada para maximizar cobertura e segurança.

Resultados reais: a evidência que convence

Os números já mostram efeitos expressivos em cidades que adotaram a técnica. Em Niterói (RJ), a introdução da Wolbachia foi associada a uma redução de até 88% nos casos de dengue. No Brasil, no primeiro semestre de 2025, houve reduções reportadas de 75% nos casos de dengue e de 73% nas mortes pela doença — dados que reforçam a eficácia da estratégia quando aplicada em escala.

Esses resultados não significam o fim da dengue, mas representam uma queda substancial no risco de surtos e um alívio para hospitais, profissionais de saúde e famílias.

Impactos para a saúde pública — curto, médio e longo prazo

Curto prazo: diminuição de surtos localizados, redução de hospitalizações e mortalidade, e menor pressão sobre serviços de emergência durante os meses de maior transmissão.

Médio prazo: com liberações contínuas e cobertura ampla, espera-se uma mudança permanente na composição genética das populações locais de Aedes, mantendo taxas de transmissão mais baixas.

Longo prazo: potencial para integrar a Wolbachia a programas nacionais de vigilância e controle, complementando outras medidas (limpeza de criadouros, campanhas de conscientização, vacinação quando disponível).

Além da redução direta de casos, há impactos econômicos importantes: menos dias perdidos de trabalho, menor gasto público com internações e tratamentos e mais recursos para programas preventivos.

Segurança e mitos: a Wolbachia é perigosa para humanos?

Não. A Wolbachia não é patogênica para humanos. A técnica foi amplamente estudada e acompanhada por instituições de saúde e centros de pesquisa. O que é liberado no ambiente são mosquitos Aedes aegypti que carregam uma bactéria inofensiva para pessoas, mas que impede a multiplicação dos vírus dentro do próprio mosquito.

É importante comunicar isso de forma clara à população: não estamos liberando um novo veneno nem um organismo geneticamente modificado — a Wolbachia é uma bactéria natural, e o método usa mecanismos biológicos já conhecidos para reduzir a transmissão viral.

Limitações e desafios

  • Escala e custo: montar biofábricas exige investimento e coordenação entre municípios e estados.
  • Tempo para efeito populacional: a Wolbachia precisa se estabelecer na população local — o impacto é progressivo, não instantâneo.
  • Monitoramento contínuo: é preciso acompanhamento entomológico e epidemiológico para avaliar cobertura e eficácia.
  • Percepção pública: campanhas de comunicação são essenciais para evitar boatos e resistência da comunidade.

O que muda para o cidadão comum?

Para grande parte da população, a presença da biofábrica significa menos risco de contrair dengue, zika ou chikungunya nas áreas cobertas. No entanto, medidas pessoais continuam essenciais: eliminar água parada, manter calhas e caixas d’água limpas, usar repelente quando indicado e procurar atendimento médico ao primeiro sinal de alerta.

Em resumo: a Wolbachia é uma ferramenta poderosa e complementar — não substitui a participação ativa da comunidade.

Perguntas frequentes (FAQ)

O que é a Wolbachia?
É uma bactéria natural que, quando presente nos Aedes aegypti, impede a replicação de vírus como dengue, zika e chikungunya dentro do mosquito.

A Wolbachia faz mal para humanos?
Não. Não há evidência de que a Wolbachia cause doenças em pessoas. Os mosquitos infectados carregam a bactéria, mas ela não afeta diretamente os humanos.

Quanto tempo leva para ver redução nos casos?
Depende da área e da cobertura das liberações. Em muitos locais os efeitos começam a aparecer meses após o início das solturas e aumentam com liberações contínuas.

É o fim da dengue no Brasil?
Não é uma solução mágica. A Wolbachia reduz fortemente a transmissão, mas é parte de um conjunto de ações (vigilância, controle de criadouros, atenção médica) necessárias para controlar a dengue.

Quais cidades já usam a técnica?
Dentre as que adotaram estão Niterói, Curitiba e outras 14 cidades brasileiras; Brasília passa a integrar essa lista com a biofábrica do NCQB.

Fontes e leitura adicional

Observação:

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Beatriz Souza

Beatriz Souza

Sou Beatriz Souza uma especialista em estética com mais de 10 anos de experiência na área. E também tenho um blog onde compartilho dicas valiosas sobre saúde, bem-estar e cuidados pessoais. Sempre busco inspirar meus leitores a adotar hábitos saudáveis e a valorizar a importância do autocuidado em suas rotinas diárias.

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